Prevalência de dor lombar em idosos de Barra Mansa- Rio de Janeiro
Nome Completo:
Priscila de Oliveira Januário
Unidade da USP:
FOFITO
Programa de Pós-Graduação:
Ciências da Reabilitação
Nível:
Doutorado
Resumo:
A dor lombar (dor nas costas na região inferior) é algo muito comum e afeta milhões de pessoas no mundo todo. No Brasil, entre os idosos, ela só perde para a pressão alta como a condição crônica mais frequente. Mas o que talvez muita gente não saiba é o quanto essa dor pode atrapalhar a rotina de quem convive com ela: dificultar tarefas simples como andar, sentar ou dormir, afetar o humor, o apetite e até o convívio social. Minha pesquisa foi feita com mais de 500 idosos de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro, para entender melhor como essa dor se manifesta, com que frequência ela aparece e o quanto ela interfere na vida dessas pessoas. Os dados mostraram que mais da metade dos participantes sentia dor lombar no momento da entrevista. Quando perguntamos sobre o último ano, esse número subiu para 93%. E, em algum momento da vida, mais de 77% disseram já ter sofrido com esse tipo de dor. Além disso, avaliamos a intensidade da dor e o quanto ela atrapalha as atividades do dia a dia. Descobrimos que a dor, mesmo sendo considerada de intensidade moderada, está ligada a limitações importantes. Por exemplo, idosos com menor renda, escolaridade mais baixa, pior percepção da própria saúde ou que precisam mudar de posição com frequência relataram mais dificuldade em realizar tarefas cotidianas. Mulheres, pessoas com diabetes, hipertensão e aquelas que se sentem sozinhas ou viúvas também relataram mais dor. Outro ponto importante foi a relação entre a dor lombar e a antiga ocupação dos idosos. Aqueles que trabalharam no comércio ou em funções administrativas sentiram mais dor, assim como os que eram menos ativos fisicamente. Curiosamente, pessoas com menor índice de massa corporal e de raça/cor branca também apresentaram mais queixas de dor. Essas informações são valiosas porque ajudam a entender melhor quem está mais vulnerável a esse problema e por quê. Com isso, é possível pensar em ações concretas para melhorar a vida dos idosos. Por exemplo: desenvolver programas de exercícios específicos, incentivar hábitos saudáveis desde a juventude, promover campanhas de prevenção e orientar profissionais da saúde e gestores sobre os fatores que mais pesam na dor e na limitação funcional dessa população. A pesquisa mostra que cuidar da dor lombar é mais do que aliviar um incômodo — é melhorar a qualidade de vida, preservar a autonomia e fortalecer a dignidade de quem envelhece. Ao dar visibilidade para esse tema, contribuímos para que políticas públicas mais eficazes sejam criadas e para que os idosos possam viver com mais saúde, independência e bem-estar.