A Tensão Entre Os Elementos Populares E Elitistas Na Teoria Da Democracia De John Stuart Mill
Nome Completo:
Isabel de Almeida Brand
Unidade da USP:
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação:
Filosofia
Nível:
Mestrado
Resumo:
A dissertação investiga a teoria da democracia de John Stuart Mill, filósofo britânico do século XIX, destacando como suas ideias ajudam a pensar os desafios das democracias atuais. Mill viveu em uma época de grandes mudanças — o avanço da industrialização, o crescimento da classe trabalhadora e as discussões sobre quem deveria ter direito ao voto. Suas reflexões tentavam responder a uma questão que continua atual: como garantir a participação de todos nas decisões políticas sem perder a qualidade das decisões? O estudo analisa diferentes interpretações sobre o pensamento político de Mill. Alguns autores o consideram elitista, porque ele defendia que pessoas mais instruídas tivessem maior influência nas decisões públicas. Outros, porém, entendem que sua proposta era democrática e educativa, pois via o conhecimento como um bem que deveria ser ampliado a todos, fortalecendo a participação popular. A dissertação explora essa tensão entre participação e competência. De forma geral, Mill acreditava que a democracia deveria ser um espaço de aprendizado coletivo, onde o debate livre de ideias e a diversidade de opiniões permitissem o progresso moral e intelectual da sociedade. Ele defendia a liberdade de expressão como condição essencial para o desenvolvimento humano e via o debate público como uma ferramenta que ajuda a corrigir erros e a questionar verdades estabelecidas. Assim, tanto o pensamento popular quanto o das elites intelectuais são importantes para formar uma opinião pública crítica e informada. A pesquisa também mostra que, para Mill, a educação e a liberdade individual são fundamentais para a formação de cidadãos capazes de participar das decisões políticas de forma consciente. Ele via a política como um processo de aperfeiçoamento: quanto mais os indivíduos participam e se desenvolvem, mais aptos se tornam para contribuir com o bem comum. Nesse sentido, a democracia não é apenas um regime político, mas uma forma de vida coletiva, que se constrói no respeito às diferenças, na busca por justiça e na promoção da autonomia. Os resultados da dissertação podem contribuir indiretamente para a sociedade ao oferecer uma reflexão sobre como equilibrar o papel dos especialistas e o da população nas decisões públicas — um tema cada vez mais relevante diante da crise de confiança nas instituições e do avanço da desinformação. Além disso, a pesquisa ajuda a compreender que uma democracia saudável depende tanto de liberdade e diversidade quanto de educação e responsabilidade cívica.