A relação bidirecional entre doença de Alzheimer e epilepsia: mecanismos compartilhados e efeitos da modulação central da via de sinalização da insulina
Nome Completo:
Suélen Santos Alves
Unidade da USP:
FMRP USP
Programa de Pós-Graduação:
Neurologia
Nível:
Doutorado
Resumo:
A Doença de Alzheimer (AD) é uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo todo, causando perda de memória e outras dificuldades cognitivas. Além de ainda não ter cura, ela costuma aparecer junto com outras doenças, como o diabetes tipo 2 e a epilepsia. Nos últimos anos, pesquisadores vêm percebendo que essas doenças podem estar mais conectadas do que se imaginava. A minha pesquisa de doutorado buscou entender melhor essa ligação, especialmente entre Alzheimer e epilepsia. Estudos mostram que pessoas com epilepsia têm maior risco de desenvolver Alzheimer, e o contrário também acontece: quem tem Alzheimer pode sofrer crises convulsivas. Mas os motivos para isso ainda não são totalmente claros. Nos meus estudos, usei modelos animais (ratos) e também dados de pacientes humanos para investigar como essas doenças se influenciam mutuamente. Um foco especial foi dado ao papel da insulina no cérebro. Isso porque, assim como no diabetes tipo 2, muitos pacientes com Alzheimer apresentam resistência à insulina cerebral — ou seja, o cérebro não consegue usar a insulina corretamente, o que pode afetar a memória, o humor e a atividade elétrica do cérebro. Com isso em mente, minha pesquisa teve alguns resultados importantes: 1) Mostramos que quando a insulina não funciona bem no cérebro, os animais ficam mais propensos a ter crises epilépticas e apresentam sinais semelhantes ao Alzheimer. 2) Descobrimos que o uso da metformina (um remédio comum para diabetes) pode melhorar esses sintomas, sugerindo que ela pode ter um papel também no tratamento de doenças neurológicas. 3) Ao analisar dados genéticos de pacientes com Alzheimer, identificamos genes relacionados à epilepsia que estavam alterados desde os estágios iniciais da doença, o que pode ajudar no diagnóstico e na busca por novos tratamentos. 4) Também começamos a estudar tecidos cerebrais de pacientes com epilepsia, para entender melhor como a resistência à insulina afeta o cérebro humano. Em resumo, minha pesquisa mostra que a resistência à insulina no cérebro pode ser uma peça-chave na ligação entre Alzheimer e epilepsia. Entender esse mecanismo pode abrir caminhos para novos tratamentos, mais eficazes e com menos efeitos colaterais, beneficiando diretamente pessoas que vivem com essas doenças e seus familiares. Ao unir estudos em laboratório e dados humanos, buscamos formas de transformar esse conhecimento em ações concretas para melhorar a saúde cerebral da população.